Carta ao amor

Oi, amor


       Te escrevo só pra dizer, com toda a dor que já cansei de sentir, que não há mais o que esperar de nós. Não há mais o querer da mudança nem ao menos da melhora. Se falo isso, não é por deixar de amar, mas por amar demais. Amo tanto que prefiro deixar estar, deixar ser como tiver de ser.
       Cansei de programar os nossos finais de semana, os nossos jantares, os nossos aniversários quando não há reciprocidade. Entendo que seja o seu jeito, mas entenda o meu também. 
       Vamos encarar os fatos: não estamos mais pra ser como dois adolescentes que andam em direção ao nada. Temos um futuro a nossa frente e fazer planos não é de total mal grado. Não digo que temos que planejar todos os nossos passos juntos, mas saber que existe a intenção é reconfortante mesmo não sendo necessária.
       Não. Não quero mais programar nem planejar nada. Passou o nosso tempo disso tudo. Vamos com a maré. Ela há de nos levar à beira.


Com todo o amor que existe,
Gabriela.

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Carta fictícia.
Jogos e mais jogos.
Pode se ter um mês de namoro ou vinte anos de casado.
Pode ser amigo, conhecido, peguete, irmão, primo. Não importa.
O homem sustenta suas relações a base de interesse e joguinhos sem sentido.
Até hoje eu estou a procura de uma razão cabível pra isso. 
Pra quê tolir vontades pra não transparecer o que é real?!
Se está com vontade de ligar pra quem ama, porque não liga?!?!?!?!
Pra não parecer carente e  nem "ficar por baixo", oras.


Ridículo. Simplesmente ridículo.
Nós podamos os nossos desejos e instintos com a preocupação de não satisfazer  o ego alheio. Fazer o que tem quer? Não. Vamos fazer o que está escrito na cartilha.


Cansei. 
Realmente não era pra eu ter nascido nesse planeta.
Sem que me peça, eu faço.
Sem que me chame, eu vou.
Tenho a espontaneidade de um amor que move meus passos, toma as minhas ações e responde por mim.
Cega, surda e muda, me entrego e pulo desse prédio de 40 andares com a certeza de que eu vou ser amparada. A adrenalina se eleva a níveis jamais atingidos, atitudes impensadas são tomadas para que então eu seja premiada por uma indiferença cortante.
O amor sofre mutações, se transforma em desapego e a esperança de que isso conserte tudo nasce com a força de um nascer do sol.
Fecho os olhos, junto as mãos e peço que o melhor aconteça.

O cheiro, o toque, o gosto, o som. Todos os sentidos de misturam e então fecho os olhos para lembrar do que me fez virar do avesso. 
Chego a tremer de medo, um medo de que o castelo idealizado possa vir a ser uma cabana torta num solo instável.
Isso dura só uns poucos segundos, porque tenho dentro de mim que nada vai ser como uma cabana prestes a desabar. Não pode, não tem como. O amor que guardo em mim não tem tamanho, não tem motivo nem final. Ele me toma por completo sem pedir permissão. Quando dou por conta de mim já estou imersa nesse universo de sentir e não tem quem me faça sair dele. 
O meu amor me espera, tem paciência, supera obstáculos, respira mais uma vez e começa de novo.
O meu amor me define, me dá vida e me mata. Todos os dias.

Posso não ser boa com as palavras, nem fazer poemas e tão pouco construir rimas.
Mas sei dizer que carrego em mim um Amor que tem cheiro de areia molhada, som das ondas quando encontram a praia, luz do sol, gosto doce e uma certeza de si que ultrapassa entendimento.
Carrega consigo uma calma e uma urgência ao mesmo tempo. Não sabe se vai ser eterno, mas é certo de que vai trazer incontáveis risos e, acima de tudo, cumplicidade.
Ele cresce quando se está longe e cresce muito mais ainda quando se está perto.
É confuso, as vezes faz sofrer, se enche de perguntas e logo depois lembra do que realmente importa: aquelas duas pessoas que uniu. Aqueles que não negam ouvir sua voz e realizar suas vontades por mais insensatas que possam parecer. 
Aqueles dois que agora são só um.
Aqueles dois...
Hei de aprender a amar com calma. De amar aos poucos. De não me deixar levar pela sede do amor.
Hei de entender que o amor precisa de espaço e distância para que sobreviva e cresça como deve crescer.
Um dia irei agir de acordo com o que parece ser certo, irei aprender a amar ao longe mesmo estando perto.
Um dia.

Oração de quem não sabe rezar.



Vida, perdoai os feitos de pedra
Eles não conhecem a alegria Sua
Não enchergam o que os cerca
Não vêem a beleza nua

São dotados de toda capacidade suposta que todos devem ter
Tocam, cheiram, andam mas não sentem tanto
Vêem tudo o que há para ver
Porém suas visões são em preto e branco


Eu te imploro, sábia Vida
que estes de pé se tornem menos cruéis
para nós, para eles mesmos, para todos os Teus fiéis.


Será que estamos aqui mesmo pra sermos felizes?
Pra quê, se a felicidade toma momentos esporádicos?
Com felicidade ou não, o que me importa de verdade é estar em paz. Paz comigo mesma e com os que amo. Com quem realmente me importo.

Sendo auto-ajuda, desabafo ou só palavras em vão, queria mesmo é fazer com que me entendessem. As vezes dá só vontade de gritar isso, pra ver se todos conseguem compreender que só o que eu procuro é PAZ.
Indiferença, brigas, discussões. Quero distância disso tudo! Acho que vou escrever uma placa e pendurar no meu pescoço pra ver se finalmente me faço clara.

O que mata é depender do externo para que se encontre o interno. Sei que deveria ser o contrário mas a vida não é um livro de auto-ajuda nem textos da Martha Medeiros, como já me disseram.

Mesmo sabendo que preciso me desprender dessas bobagens sentimentais e românticas, mesmo vendo que isso acaba prejudicando a mim mesma e a mais ninguém... Saber é muito fácil. O que fazer com o "saber" é o que me falta.

Preferia não saber. Preferia ser ignorante.
Preferia ser um desapego qualquer...
É difícil falar em defeitos. Mais difícil é reconhecê-los. E mais difícil ainda é consertá-los.
Lembro de várias frustrações pessoais por simplesmente não aprender que as coisas não são do jeito que queremos ou que pensamos que fossem ser. Reconheci o meu erro.
Prometo pra mim mesma através de um ritual só meu que eu vou mudar. Que não vou cometer os mesmos erros. Que não vou ceder tão facilmente e que vou calcular cada passo,cada palavra, cada gesto, cada ato.
Acontece que mais uma vez,as coisas não acontecem como eu planejo.
E lá vou eu, de novo, cometer o mesmo erro. 
Eu não magoo ninguém com ele a não ser a mim mesma. Menos mal.
Depois de tantos conflitos internos, eu penso o que seria de mim sem esse tal "defeito". Uma pessoa mais fria? Mais intocável e insensível?
Não. 
Prefiro pecar por sentir demais. Porque eu sou assim. Intensa, extremista.
Quando amo, amo muito. Quando odeio, odeio muito. Não sei ter equilíbrio e é isso mesmo que me deixa em paz. Com a consciência tranquila.
Já que quando eu deito a cabeça no meu travesseiro pra dormir, posso estar com o coração despedaçado mas pelo menos eu sei que fiz. E fiz mesmo.
Posso ter feito demais (o que sempre acontece) mas sei que só assim eu consigo acabar com o ciclo e começar outro. De alma lavada, de espírito livre.

O felino é um bicho interessante. Forte, perspicaz, inteligente, com personalidade forte, uma preguiça e manhesa característica e cativante.
Não sentam, nem se fingem de mortos, nem dão a pata quando mandamos. Não nos obedecem e tem aquela mania de só fazer o que querem e quando querem.
O felino não é animal de estimação de ninguém. Ele que é o dono.
Por isso, uma demonstração de carinho e afeto de um gato é a coisa mais verdadeira que se pode ver. Gato não faz nada pra impressionar ninguém. É sincero e arrogantemente transparente.
Eles possuem um sexto sentido e são mais brincalhões e companheiros do que se pode imaginar. Estão sempre alim deitadinhos ao seu lado quando percebe que há algo errado. E sentem falta, sentem saudades e brigam, gritam e esperneiam por isso como se reclamassem de sua ausência.
Mas antes de dormir, te sobem na barriga, lambem  o teu nariz e vão dormir deitados aos seus pés.
A cada dia que se passa,me sinto mais uma gata do que uma mulher.